terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Ásia em Berlim

Em Berlim existe uma grande oferta de restaurantes vietnamitas e também coreanos.
presença destes restaurantes deve-se à significativa comunidade de cidadãos originários destes países, sobretudo do Vietname, constituindo mesmo o maior grupo de estrangeiros oriundos da Ásia residentes na Alemanha.
À semelhança dos Gastarbeiters, trabalhadores convidados da República Federal Alemã (RDA), a República Democrática Alemã (RDA) tinha um programa similar designado Vertragsarbeiter.
No início dos anos 50 do século XX a Alemanha Oriental começou por convidar estudantes do Vietname do Norte para estudarem e formarem-se na RDA.
Esta cooperação foi-se expandido sobretudo pelos anos 70 e nos anos 80 a RDA assinou um acordo com a reunificada República Socialista do Vietname para empresas da Alemanha Oriental formarem vietnamitas. Esses programas de formação procuravam não só suprir carências da indústria local, mas também ajudar a desenvolver os países mais pobres do Bloco Socialista.
a Alemanha Ocidental,durante esse período, foi recebendo essencialmente refugiados da Guerra do Vietname.
Os coreanos integraram também o lote dos cidadãos convidados (Gastarbeiter) pela RFA, constituindo-se os poucos não europeus recrutados.
recrutamento de trabalhadores especificamente da Coreia do Sul não se justificou só por necessidades económicas, mas também pelo desejo de demonstrar o apoio a um país, que tal como a Alemanha, foi dividido por questões ideológicas.
Na Alemanha Oriental registou-se uma menor presença de coreanos. Só depois da Guerra da Coreia é que ingressaram, ainda que em pequeno número, nas universidades da RDA e, depois de obterem formação, no sector industrial.
Actualmente a herança destes movimentos migratórios está expressa, entre outras formas, na oferta de restauração em Berlim.
Entre os restaurantes vietnamitas, escolhemos o District Môt – Saigon Street Food, no Mitte, que apresenta uma decoração muito interessante.
 


Recria várias situações que se presenciam no Vietname. Desde o amontoado de fios eléctricos que encontramos na iluminação pública e que ali são transpostos para a iluminação do restaurante.


Aos banquinhos dos restaurantes de street food que encontramos pelas ruas do Vietname. Passando pelos anúncios de rua, até outras características típicas.



Foi assim num ambiente animado e efervescente, como o das ruas de Saigão e de outras cidades vietnamitas, que tivemos uma excelente refeição.
Começámos com uns Goi cuon tom thit, ou seja, summerrolls de camarão e porco.


Prosseguimos com um dumpling de carne de porco.


De seguida atacámos um Mi Xao Giòn, carne de vaca, salteada com cebolinho, aipo e pimento, refinado com amendoins e coentro servido com massa de ovo.


A acompanhar todas estas propostas maravilhosas refrescámo-nos com um Xin Chào, uma bebida a partir de uma receita da família, a qual mistura sumo de lima, morango, hortelã, líchia e sementes de manjericão doce.
 
A cozinha coreana foi degustada no Kimchi Princess, em Kreuzberg. Num espaço amplo, mas completamente concorrido, degustámos Gun Mandu, dumplings fritos com recheio de carne de vaca e molho de soja caseiro,
 
 
 
Kimchi Bokkeumbap, arroz frito com kimchi, pedaços de vegetais, ovo frito, refinado com óleo de sésamo e cebola
 
 
e Dolsot Bibimbap, tijela de pedra quente com carne de vaca, vegetais, ovo frito e picante.
 
 
A comida coreana caracteriza-se por ser muito condimentada e forte.
 
Ainda na vertente asiática fomos, também em Kreuzberg, ao restaurante chinês Long March Canteen.
projecto de arquitectura de interiores é esplendoroso. A iluminação cinge-se ao necessário, isto é, a iluminar as mesas, contribuindo para uma atmosfera misteriosa e escura, mas nem por isso desconfortável.
 

Os apontamentos de decoração, que remetem para a China da Revolução Cultural, são fantásticos. Todo o espaço foi pensado na perspectiva comunitária defendida nesses tempos, pelo que as mesas são grandes e pensadas para serem por partilhadas por pessoas que não se conhecem.

Destaca-se a área de cozinha ao vapor, que ao libertar o mesmo dá um ar misterioso e, simultaneamente elegante, ao espaço.

 
Admito que as nossas escolhas gastronómicas não foram as melhores e talvez por isso a comida não foi surpreendente como esperávamos.
Começámos com um carpaccio de alforreca com maça e coentros. Já comemos bem melhor, inclusivamente em restaurantes em Portugal.
De seguida, degustámos uma beringela cozida ao vapor marinada com gengibre fresco e vinagre chinês "Lau Zhen Zhu".
 

Seguimos para umas lulas bebés grelhadas ao estilo zhejian.


Continuámos com arroz sticky com cogumelos shitake e tofu cozinhado em folha de lotus e com dumplings de porco e gengibre.


A finalizar deliciámo-nos com o melhor da refeição, Tang Bao, dumplings de chocolate quente com canela, cacau e molho de baunilha.
Maravilhoso.

 
Assim foi a nossa preciosa incursão pelo lado asiático de Berlim.