sábado, 30 de janeiro de 2016

Wenzhou na Mouraria


Noite fria deste inverno pouco rigoroso. Avançamos pela Rua do Benformoso, a rua mais paquistanesa e bangladeshiana de Lisboa. Não são esses sabores que procuramos nessa noite. Por isso fazemos a rua até ao fim e viramos à esquerda. Começamos a subir a calçada, mas pouco depois paramos. Chegamos ao nosso destino. 
Janelas abertas para a rua, calma naquele momento, abre-se um espaço simples e despojado de quase tudo. Apenas umas cadeiras, umas mesas e uma vitrine ao fundo, com alguns alimentos por confeccionar e outros já prontos. De fora ninguém dá pelo lugar, tão vazio de substância a uma primeira vista e sem qualquer nome ou letreiro no exterior.
Lá dentro encontra-se um trio de famílias chinesas, duas delas a terminarem a refeição. Entramos e entregamo-nos ao lugar e ao que este nos pode oferecer. 
O jovem chinês pergunta-nos o que queremos. Jantar, respondemos. 
Traz-nos uma pequena lista escrita em português, em que em quase todos os pratos identificados falha a primeira letra da palavra. Opa de massa com peixe, assa salteada com legumes, e por aí fora. Perceptível, no entanto. Muito mais se nos confrontássemos com a ementa em chinês.
Escolhemos a sopa de massa com peixe, gyozas fritas e, observando umas apelativas beringelas chinesas na dita vitrine, solicitamos um cozinhado de beringela, que não consta da lista.
Primeiro chega a sopa. Linda. Numa malga grande. Rica. Com massa, couve chinesa, outros vegetais e um peixe fibroso e gelatinoso que não identifico. Muito boa e reconfortante.




Logo de seguida são apresentadas as gyozas, sem excesso de gordura e deliciosas, acompanhadas de um óptimo molho de soja envinagrado. Não são apenas mais umas gyozas. Mas antes daquelas que valem mesmo a pena comer.
Por fim, a beringela com carne picada. Prato guloso e de fazer feliz qualquer um. Molho espesso, textura da beringela perfeita. Tudo perfeito.




Ficou a curiosidade de experimentar os petiscos expostos na vitrine, como a salada de caranguejo, de lulas, de choco e outras iguarias de Wenzhou, região nativa dos donos do restaurante
Prestes a começar o Ano novo chinês de 2016, sob o signo do Macaco, o animal mais auspicioso do zodíaco, conto regressar neste ano a este local tão gastronomicamente auspicioso.