quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Peixola É...


Quem sobe da zona ribeirinha para a parte alta pela Rua do Alecrim, do lado esquerdo, desde há umas semanas para cá passou haver um espaço que chama a atenção.
Um dia, em que me deslocava rua acima, despertou-me o interesse. Pelo que percebo não sou caso único.
Uma grande janela aberta para um espaço diferente e apelativo, rebaixado em relação ao nível da rua, é o paraíso dos voyeurs. Meio mundo pára para ver o que se passa lá dentro. Neste caso, quem é curioso só tem a ganhar. Desde que entre. No Peixola. É assim a identidade do espaço, que constitui uma das mais recentes propostas da restauração lisboeta. Neste caso é verdadeiramente uma nova proposta e não mais do mesmo.
Começando pelo espaço, muito interessante, com excelente bom gosto e diferente do habitual, desde já porque todos os lugares são ao balcão. Este aspecto, para mim, diferenciador, divertido e interessante, pela interação que permite com o pessoal do restaurante, ao que parece, pelo que nos foi transmitido, trata-se de uma proposta arrojada, pois para muitas pessoas o contacto proporcionado pelo balcão é inibidor e desconfortável.




Para além da arquitectura interior, a carta, na verdade o mais importante, é igualmente uma lufada de ar fresco no panorama da restauração da capital. Coerente com o nome do restaurante, Peixola (até o nome é giro e bem disposto), o peixe é o protagonista.
A carta divide-se em quatro partes: Isco, que corresponde ao couvert; Peixe Miúdo, com um conjunto de pratos para partilhar, ou não; Peixe Graúdo, pratos mais substanciais; Peixe de Água Doce, que é como quem diz, sobremesas. 
Para além da componente alimentícia, a carta de bebidas traz também algo de novo, já que aposta no rum, talvez o próximo substituto do Gin enquanto bebida da moda, servido no seu estado puro ou em cocktails.
Mordemos o isco, composto por mousse de salmão fumado com dois queijos e collie de pimentos e acompanhado por tostinhas. Ainda bem, porque é delicioso.




A nossa aposta recaiu toda no sector peixe miúdo, onde não tivemos piedade com nenhumas das propostas, as quais foram todas deliciosamente devoradas. Desde o surpreendentemente fantástico tártaro de choco com maionese de wasabi, échalote e abacate ao magnificamente delicioso, e de chorar por mais, pica pau de atum com soja, gengibre e chips. Irrepreensível o ponto e a qualidade do atum, a fritura das batatas e o apetecível molho.




Pelo meio, alternámos entre o guloso e adocicado ceviche de salmão delicodoce com manga, leite de coco e thai sauce e o ácido e cítrico ceviche peruano de peixe branco, cebola roxa e abacate, passando pelo mais neutro tártaro de atum com óleo de sésamo.




A acompanhar um Punch, composto por Brugal, Plantation Dark e sumo de limão.
No capítulo do peixe de água doce, chegou à nossa rede um cremoso e guloso créme brulée e um soberbo petit gateaux de caramelo com gelado de framboesa. Maravilhoso, sobretudo o gelado.



Nada restou.



A poucos dias das eleições presidenciais, relembrar o slogan de uma das eleições mais míticas e fazer um paralelismo .
Há 30 anos, na eleição que opôs Mário Soares e Freitas do Amaral, gritava-se "Soares é fixe". Soares venceu.
Agora grito eu, O Peixola é fixola. E afirmo, já venceu.