segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Kaiseki em Hirayu - Parte 1

Uma das actividades preferidas dos japoneses é frequentar um onsen. Onsen é a designação japonesa para banhos termais de águas quentes. Sendo o Japão um país de origem vulcânica, a existência de espaços desta natureza é muito frequente. Há onsens de todo o tipo, uns mais enquadrados na natureza, outros mais citadinos, outros inseridos em unidades hoteleiras (nos ryokan, por exemplo), uns ao ar livre, outros em espaços fechados.
Independentemente da localização, no geral todos são considerados um refúgio da azáfama diária, pelo que o ambiente é calmo e relaxante.
Os Alpes Japoneses são uma das áreas onde existem muitos onsen. É uma região procurada para uns dias de descanso, em que para além de se relaxar com as águas quentes e com propriedades minerais, é possível desfrutar da paisagem magnífica, fazer caminhadas pela natureza e também, um dos momentos altos, saborear belas e compostas refeições, que alguns dos hotéis desta zona oferecem. Em regra o alojamento inclui meia pensão porque é dado um enfoque especial à parte da alimentação.
Ficámos num hotel em Hirayu que tem o próprio onsen e oferece uma experiência gastronómica local.
Como estivemos dois dias neste paraíso, tivemos oportunidade de degustar dois jantares ao estilo kaiseki e dois pequenos-almoços que nos deixaram muito felizes.
Kaiseki são banquetes sofisticados de comida tradicional, onde são servidos diversos pratos em pequenas porções (em consonância com a arte minimalista apreciada no Japão), com uma ordem bem definida e com um grande cuidado na apresentação, quer da comida como da loiça utilizada. Nestas refeições o cozinheiro procura mostrar toda a sua habilidade na elaboração de misturas, onde os produtos típicos da região e da época têm um enfoque especial.
Na nossa primeira refeição começámos com um zensai, prato com várias misturas combinadas. No caso, composto por cinco elementos, polvo, bambu, castanha, bolinho de peixe e sardinha. A etiqueta recomenda que se coma primeiro aquilo que está mais próximo e depois o que se encontra mais afastado.
Entretanto, o water pot, disposto à nossa frente, foi ligado, para as almôndegas de frango serem cozinhadas com vegetais e sésamo.
De seguida entretivemo-nos com o mukouzuke, que é sinónimo de sashimi. O peixe, no caso peixe gato, deve ser comido intervalado com o acompanhamento.
O prato seguinte foi soba com ovo cozido.
Prosseguimos com um vegetal local, que se dá nos bosques das redondezas, mas que não percebi o nome nem identifiquei o sabor, que por sinal é muito agradável.
A refeição seguiu com tomate recheado com peixe, camarão e couve flor.
Com peixe e legumes estufados.
Entretanto as almôndegas de frango, já concluídas, foram saboreadas, e foi ligada a panela, na mesa, para cozinhar os cogumelos e outros vegetais e a carne de Hida (região local).
A carne, muito macia, já cozinhada, foi saboreada conjuntamente com um molho especial.
Por fim, como indica a tradição, foi servido o arroz, pickles e a sopa miso, antes da refeição ser definitivamente encerrada com a sobremesa.
A sobremesa foi composta por um abrunho envolto em yokan de agar (gelatina) e com 1/4 de figo.
Terminada a refeição, estávamos felizes com todo o ritual. E ainda mais felizes e expectantes com o que nos esperaria nos outros dias.
Depois de uns dias freneticamente culturais em Quioto, Nara e Takayama soube bem carregar baterias para prosseguirmos a nossa viagem pelo Japão.
Por ser tão revigoraste uns dias nestas paragens, vê-se tanto famílias como pessoas sozinhas a aproveitarem dias de tranquilidade e descanso, onde o foco é relaxar e aproveitar o lado bom da vida.