quinta-feira, 24 de abril de 2014

Mercearia de Aldeia | Pequim

Era final de dia, tínhamos saído da ópera, e queríamos jantar.
Deambulávamos tranquilamente por hutongs - ruas estreitas e intrincadas que formam os bairros tradicionais -, a sentir o ritmo local e cruzámo-nos com uma grelha ladeada por bancas com ingredientes organizadamente expostos e com um ar impecável.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Não resistimos. Era ali que íamos jantar. Mas aparentemente não haviam mesas para nos sentarmos. Olhámos em redor e vimos que o estabelecimento próximo das bancas e grelha tinha duas mesas, uma delas já ocupada. O curioso é que se tratava de uma mercearia local.
Começámos a escolher o que viria a ser a nossa refeição. Pegámos no cestinho, do gênero dos de supermercado mas mais pequeno, e colocámos espetada de cogumelos, shitake e enoki, beringela, frango, tofu.





Muito mais havia. Porco, vaca, borrego, peixe, lulas.... Na banca do lado até ostras, mexilhões e outros moluscos estavam expostos.
 
Sentamo-nos dentro da mercearia, na companhia de pensos higiênicos, papel higiênico, noodles, boxers, bolachas, brinquedos, produtos de higiene, produtos de limpeza, enquanto esperámos que tudo fosse grelhado.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Entretanto aproveitei também para tirar umas fotografias com o iPad, sobre o ar divertido e curioso da proprietária do estabelecimento, e dei dois dedos de conversa com um emigrante português em França, que, provavelmente contagiado por nós, também depositou confiança naquela banca.
O emigrante estava de visita a Pequim, depois de ter matado saudades do filho a trabalhar em Xangai. A emigração portuguesa começa a estar demasiado intrincada. Já não bastavam os pais, os emigrantes de segunda geração também se vêem nessa contingência. Para onde caminhamos?
As escolhas dele não recaíram no peixe. Explicou que se recusava a comer peixe na China porque ficou horrorizado com os rios que viu no percurso de comboio Xangai-Pequim. 
Disse-lhe que há coisas que muitas vezes não conseguimos controlar, nomeadamente a origem dos produtos, sobretudo quando decidimos comer na rua.
 
Esta foi a refeição mais peculiar que fizemos. Pelo ambiente e pelo peço. Pagámos cerca de 16 RMB, cerca de 2 euros para duas pessoas. E a comida estava boa.